Oração de São Francisco de Assis
Senhor,
Fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado;
compreender que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
Amém
Mais conhecido, no Nordeste do Brasil, como São Franciscodas Chagas é o mesmo São Francisco de Assis. No final de sua vida, São Francisco recebeu as Chagas de Jesus, durante um momento de profunda oração no alto de um Monte. A Solenidade onde se comemora o recebimento das Chagas Divinas se comemora no dia 17 de setembro. Leia abaixo, para poder entender um pouquinho mais.
O SENTIDO E O SIGNIFICADO DAS CHAGAS DE SÃO FRANCISCO
Mais do que desvendar o caráter histórico das Chagas de São Francisco, importa refletir sobre a experiência de vida que se esconde sobre este fato. O que significa a expressão de Celano (primeiro biógrafo de S. Francisco) "levava a cruz enraizada em seu coração"? O que isso significou para o próprio Francisco? Há um significado para nós hoje, naquilo que com ele ocorreu?
Um erro comum é o de ver São Francisco como uma figura acabada, pronta, sem olhar para a caminhada que ele fez até chegar à semelhança perfeita (configuração) com o Cristo. O que ocorreu no Monte Alverne (Monte na Itália onde o santo recebeu as Chagas de Jesus Crucificado) é o cume de toda uma vida, de uma busca incessante de Francisco em "seguir as pegadas de Jesus Cristo". Francisco lançou-se numa aventura, sem tréguas, na qual deu tudo de si: a vontade, a inteligência e o amor. As Chagas significam que Deus é Senhor de sua vida. Deus encontrou nele a plena abertura e a máxima liberdade para sua Presença.
O segundo significado das Chagas é o de que Deus não é alienação para o ser humano, ao contrário, é sua plena realização e salvação. Colocando-se como centro da própria vida é que o homem se aliena e se destrói; torna-se absurdo para si mesmo no fechamento do seu ‘ego’. O homem só encontra sua verdadeira identidade, sua própria consistência e o sentido de sua existência em Deus. E Francisco fez esta descoberta: Jesus Cristo foi crucificado em razão de seu amor pela humanidade - "amou-os até o fim" - , e ele percorre este mesmo caminho.
O terceiro significado: as Chagas expressam que a vivência concreta do amor deixa marcas. A exemplo de Cristo, Francisco quis suportar/carregar e amar os irmãos para além do bem e do mal (amor incondicional). Essa atitude o levou a respeitar e acolher o ‘negativo’ dos outros mantendo a fraternidade apesar das divisões. Esse acolher e integrar o negativo da vida é a única forma de vencer o ‘diabólico’, rompendo com o farisaísmo e a autosuficiência, aniquilando o mal na própria carne. Só assim, o homem é de fato livre, porque não apenas suporta, mas ama e abraça o negativo que está em si e nos outros.
O quarto significado: seguir o Cristo implica em morrer um pouco a cada dia: "Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz a cada dia e me siga" (Lc 9,23). Não vivemos num mundo que queremos, mas naquele que nos é imposto. Não fazemos tudo o que desejamos, mas aquilo que é possível e permitido. Somos chamados a viver alegremente mesmo com aquilo que nos incomoda, vencendo-se a si mesmo e integrando o ‘negativo’, de modo que ele seja superado. Nós seremos nós mesmos na mesma medida em que formos capazes de assumir nossa cruz. As chagas de São Francisco são as Chagas de Cristo, e elas nos desafiam: ninguém pode conservar-se neutro, sem resposta diante da vida.
São Francisco não contentou-se em unicamente seguir o Cristo. No seu encantamento com a pessoa do Filho de Deus, assemelhou-se e configurou-se com Ele. Este seu modo de viver está expresso na "perfeita alegria", tema central: Com São Francisco celebremos a Eucaristia pão da unidade dos discípulos missionários. : "Acima de todos os dons e graças do Espírito Santo, está o de vencer-se a si mesmo, porque dos todos outros dons não podemos nos gloriar, mas na cruz da tribulação de cada sofrimento nós podemos nos gloriar porque isso é nosso".
O cordeiro, discípulo de São Francisco
"Caminhando pelos arredores de Sena, encontrou no pasto um grande rebanho de ovelhas.
Como ele as saudou bondosamente, como era seu costume, elas pararam de pastar e correram todas para ele, levantando a cabeça e dirigindo seus olhos para ele.
Fizeram-lhe tanta festa, que os pastores e os frades ficaram admirados, vendo que estavam admiravelmente exultantes ao seu redor tanto os cordeiros das ovelhas quanto os próprios carneiros.
Em outra ocasião, em Santa Maria da Porciúncula, ofereceram ao homem de Deus uma ovelha, que ele recebeu muito agradecido por causa do amor da inocência e da simplicidade, que a ovelha manifesta por sua natureza.
O homem piedoso (São Francisco) recomendava à ovelha que se dedicasse ao louvor divino e tomasse cuidado para não causar transtorno aos frades, e ela, como se compreendesse a piedade do homem de Deus, observava solicitamente o que ele tinha dito.
Pois ouvindo os frades cantarem no coro, ela também entrava na igreja e, sem que ninguém tivesse ensinado, dobrava os joelhos soltando seus balidos diante do altar da Virgem Mãe do Cordeiro, como se a estivesse saudando.
Até mais, quando era elevado o sacratíssimo Corpo de Cristo durante a celebração da missa, curvava os joelhos, como se o animal reverente chamasse a atenção dos sem devoção por sua irreverência e convidasse os devotos a reverenciar o Sacramento.
Teve, certa vez, em Roma, um cordeirinho por reverência ao mansíssimo Cordeiro, e entregou-o à nobre matrona, Dona Jacoba de Settesoli, para conservá-lo em sua casa.
O cordeiro, como se tivesse aprendido com o santo as coisas espirituais, fazia uma companhia inseparável à senhora quando ia à igreja, enquanto ficava lá, e quando voltava.
Se, de manhã, a senhora custasse para levantar-se, o cordeiro subia, empurrava-a com seus chifrinhos e acordava com seus balidos, exortando-a com gestos e sinais que devia apressar-se para ir à igreja.
Por isso a senhora guardava esse cordeiro como um discípulo de Francisco, admirável e amável, tornado já um mestre de devoção."
O amor de São Francisco pela água, pedras, árvores e flores
O especial amor que teve pela água e as pedras e pelas árvores e flores.
1 Depois do fogo, amava particularmente a água, na qual temos uma figuara da santa penitência e da tribulação, pelas quais se lavam as sujeiras da alma e porque é pela água do batismo que a alma começa a ser lavada. 2 Por isso, quando lavava as mãos, escolhia um lugar em que a água que caía no chão não fosse calcada pelos pés. 3 Até quando tinha que caminhar sobre as pedras, andava com grande temor e reverência, por amor daquele que é chamado de pedra. Por isso, quando recitava o salmo: Sobre a pedra me elevaste (Sl 60,3), dizia com grande respeito e devoção: “Sob os pés da pedra me exaltastes”.
4 Também ao irmão que cortava e preparava a lenha para o fogo, recomendava que nunca derrubasse toda a árvore, mas que cortasse essas árvores de forma a sempre deixar íntegra alguma parte dela, por amor daquele que quis realizar a nossa salvação no lenho da cruz.
5 Igualmente recomendava ao frade que trabalhava na horta que não cultivasse toda a terra somente com ervas comestíveis, 6 mas deixasse livre alguma parte de terra, para que produzisse ervas verdejantes que, a seu tempo, produzissem flores aos irmãos, por amor daquele que é chamado de flor dos campos e lírio dos vales (cf. Ct 2,1).
7 E até dizia que o frade hortelão devia fazer sempre um belo canteiro em alguma parte da horta, pondo e plantando ali todas as ervas odoríferas e todas as ervas que produzem belas flores, 8 para que, a seu tempo, convidassem a louvar a Deus todos aqueles que vissem essas ervas e essas flores. 9 Pois toda criatura diz e clama: “Deus me fez para ti, ó homem”.
10 Por isso, nós que vivemos com (cf. 2Pd 1,18) ele vimos que ele se alegrava tanto interior e exteriormente com quase todas as criaturas que, tocando-as ou vendo-as, que seu espírito parecia não estar na terra, mas no céu. 11 E, por causa das muitas consolações que teve e tinha nas criaturas, pouco antes de sua morte, compôs e fez alguns Louvores do Senhor por suas criaturas, 12 para estimular ao louvor de Deus os corações dos ouvintes e para que o próprio Deus fosse louvado pelos homens nas suas criaturas.
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